sábado, 21 de janeiro de 2012

Um mundo de magia não está apenas em seus sonhos ou nas mãos de um mágico. Está em todos a sua volta. Encare-os e exerça sobre eles o bem mais precioso que tem sobre seu consciente. Escrever sobre a magia.
Palavras mudas são só palavras, mas quando estão juntas tornam-se o bem mais precioso que alguém já pode ter; o filho de um estéril.
Incognição.

Era só mais um, ou não.

Era diferente, estranho e totalmente bizarro. Sabe, era quase impossível dizer como aquele coração batia depois de tanta dor e tantos erros, mas continuava. Errando bastante, pelo visto. Ela não sabia mais o que fazer e nem quais rumos seguir, podia-se dizer que estava perdida em seus próprios passos, tropeçando nas próprias palavras. Conhecia muitos e desfazia-se da metade, apenas pelas futilidades do mundo em que cada um sabia que poderia estabelecer-se. Só que ela sempre estava ali, não ligava muito para aparências ou experiências, não guardava mágoas. Estava sempre ali para ajudar, mas nunca estavam para ajudá-la. Já havia acostumado-se.
Enfim, estava tudo tão normal. Até passar a contar os dias, os segundos e as drogas das horas mal dormidas. Deixara de acreditar em horas iguais, mas continuava a pensar nas horas irregulares se ele poderia estar pensando nela nesse momento. Mas... Que coisa mais imbecil, é óbvio que isso nunca aconteceria. Garota com o coração errado, essa. Sabe, pra ela era tudo só amizade, até começarem a se envolver nessa tal amizade, mas apesar de tudo talvez ela desejasse beijar aqueles lábios. Ai, tire isso de sua cabeça. Ela ainda o vê apenas como amigo, mas há aquele medo de perder-se na tentação, sabendo ainda que irá se ferrar no fim.
Não estava apaixonada, mas sentia algo diferente. Não era como todos os outros, na verdade, quais seriam todos esses outros no meio dele? Ela o esnobava, mas o queria o mais perto possível. Teimava em seus diálogos de que não dariam certo juntos, por mais que o papo fosse tão elevado. Havia sempre motivos para nada dar certo. E, mais uma vez, ela não acreditou nas palavras que aquele garoto disse, afinal, era só mais um. Assim que ela aprendia a não se iludir, aprendia a viver. Confiava demais, se ferrava demais. Parecia até um ciclo bem fodido. Cadê minha vida?
"Em quem acreditar?" Ela sempre caia apenas nessa pergunta e já havia se cansado de tantas essas sem respostas. Não sabia mais o que fazer, por mais que tentasse.
Ela gosta de conversar com ele, mas teima muitas coisas entre esses papos, até mesmo como uma defesa de descobrir seus próprios pensamentos impulsivos. Ela tem medo de seu próprio eu, mas que ridículo. Ok, nem tanto. Há tantos prós entre tudo. Acabava sempre caindo nos pensamentos em que, uma hora, chegaria em decisões que nunca imaginaria pensar e assim descobria-se dispersa; pensando em tudo, no que ele dizia ou deixava de dizer. Era um bichinho muito curioso, ela. Se bem que não era apenas ela.
Queria saber apenas como tudo seria. Estranho, não? Sabe quando você só pensa na pessoa como um amigo que pode, no máximo, chegar ao status de melhor amigo? Então. Mas não é bem assim, de vez enquanto me pego pensando em coisas que eu nunca imaginaria que pudesse pensar. Tudo sempre chegava ao assunto ele e pessoas teimavam em uma paixão, mas essa paixão não existia. Ou ela apenas tentava acreditar que não. Era ela com ele e ela sem ele. Uma vida um tanto esquisita, uma menina um tanto diferente; talvez pro lado ruim, talvez para o lado bom. Whatever. Para ela, não era normal ficar longe dele, por mais normal que fosse, em sua cabeça, ele era a única pessoa que existia no mundo. Dava vontade de rir quando ela contava essas coisas, imaginava ele em lugares impossíveis e desejava que ele estivesse ali para fazê-la rir e dizer um "vai tomar no cu". Hahaha. Que desejo mais... ela.
Não sentia-se tão bem perto de outros, qualquer coisa era motivo de pensar que ele poderia melhorar tudo. Sentimento de melhor amigo mesmo, talvez. Onde ela desejasse apenas aquele ombro para enxugar suas lágrimas. Um dos motivos maiores era o medo que ela possui. Ai, que medo mais ridicularizado esse.
Era como se ela esquecesse de tudo e todos quando estava com ele, algo que ela nunca havia sentido antes. Apertava o coração, mas não doía. Algo normal e muito anormal.
Ela gostava de quando ele tentava brigar com ela e não conseguia, das coisas que ele falava em relação à ela (mesmo quando ela não acreditava), gostava de fazê-lo repetir o que talvez não devesse, só para ouvir mais uma vez ele falando aquilo. Sabe, ele dava crise de risos para ela, mesmo quando falava sério. Ele tem um significado invisível para ela, no qual não tem noção do que possa ser. É bom quando ele liga pra ela, no horário mais inesperado e exatamente quando ela esquece que ele possa existir, um dos vários momentos. Mas ela tem medo de se machucar, novamente.
Nunca conseguia imaginar um "nós" entre ambos, era como algo que não se completava e ao mesmo tempo se completava demais.
Ela não acredita em nenhuma palavra que ele diz a seu respeito, mas mesmo assim gosta de ouvi-las, não sei se só por ouvir ou se é para imaginar que alguém pudesse pensar assim dela. Algo impossível. Ele muitas vezes a surpreendia, ela não sabia se acreditava ou não, preferia não acreditar, até mesmo em relação ao "ninguém nunca pensaria assim de mim, sou tão... inútil." Era sempre isso.
Era muito medo pra pouco ela. E pensar que antes não era assim, cadê aquela menina que todos conheceram? Forte que não ligava pra nada. É, cadê?
Talvez ela só quisesse um pouco mais de tempo. Que tempo? Tempo.
Incognição.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Escrever.

Os fios de luz invadiam o pequeno Café onde o que combinava agora eram apenas as palavras impostas aos teclados e o café marcado à mesa. O nervoso lhe invadia a mente e os sotaques britânicos invadiam sua mente inanimada. As palavras presas à garganta de certa forma que era incapacitada de pronunciá-las. Tudo era tão estranho; O mundo não era a Terra quando se tratava de velhos e belos escritores. Em sua mente as borboletas nadavam com escamas velozes e as baleias voavam com asas esperançosas. 
A caneta flopava ao seu escritório encaixando-se ao meio de velhas papeladas manchadas ao café que à acordava todas as vezes durante vários frutos de revoltas entre palavras soltas em sua mente; sem poder se expressar dentre o papel e a pena manchada. A estante bagunçada tornava à ter livros de sua autoria arrumados e diversos outros derrubados ao chão e marcados nas partes mais ferozes de seus pensamentos insanos.
O barulho dos carros e das buzinas estridentes despertavam-na a distração; as batidas de panelas e os gritos de pedidos permitiam-na que socasse sua mente tentando pensar. O som pesado que saia do rádio só trazia notícias exasperas e músicas sem a criatividade imposta aos pensamentos.

— Querida, porque insiste todos os dias em estar aqui? — A garçonete insistia em perguntar-lhe todos os dias, por mais que sempre recebesse a mesma resposta — Eu precisaria de um dom sobrenatural para poder expressar minhas ideias em um simples teclado, ainda mais nesse horário, só se vê o movimento.
— Eu escrevo. Escrevo a derrota de meus dias monótonos e os saqueares distantes de meus ouvidos, mas que mesmo assim consigo ouvir. Consigo pronunciar cada palavra dita em seus pensamentos em simples palavras, em simples discórdias ligadas ao nada.
— Acredito que seja difícil com esses barulhos horríveis, porque não escreve em outro lugar?
— Eu não preciso de outro lugar, me sinto presa a este. 
— Isso é bom?
— Depende. O que é o bom para você?
— O bom é aquilo que me agrada, aquilo que consigo fazer sem distrações, aquilo que se torna presente e distante. Tudo aquilo que está perto do que consigo.
— Então não é bom. É o horrível descrito como o bom. Somos marionetes ingratas que amam escrever, presas às palavras. Ao futuro de um bom escritor.
— Não entendo. — Pronunciou as palavras tão mal descritas que conseguia flopar sobre o nada.
— Ninguém nunca entende um escritor. Somos apenas almas indescritíveis, insensatas. Somos diferentes iguais. Somos o tudo e o nada. Somos o futuro do país e 
o presente do prazer. Somos apenas velhos escritores esquecidos por palavras sem prece.

Mais uma vez.

Ela estava ao seu lado e implorava-te aos prantos por um abraço, pelo seu abraço. Você foi frio e não reconheceu o sentimento de que um dia poderia não tê-la mais, tenta ser forte e mostrar-se invencível à suas decisões erradas. Ela apenas errou ao dizer que você não prestava e que você não era nada para ela – ela mentia e você não soube interpretá-la. Você nunca a entendeu, mas sempre a amou. Você queria perdoá-la, mas seu orgulho não permitiu. Chore. Agora. Você realmente não é nada. Agora o sangue do arrependimento escorre pelo corpo dela, o bilhete você nem teve coragem de ler, você deveria ter visto o quanto você valia para ela. O quanto você era o “tudo” dela, a perfeição dos olhos dela. Você era o único no qual ela disse que se mataria, o único que ela disse que nunca a magoaria. Você à decepcionou e o sorriso dela você não pode mais enxergar ainda mais com esses olhos amargos. Seus lábios tocaram os dela e apenas pequenas palavras puderam soar de seus lábios: 
— Je t'aime. 
Paris chorou.

Pequena Alice.


Cogumelos saltavam sob as flores murchas, a sábia lagarta azul recitava suas verdades à pequena Alice; que reclamava de seu tamanho e pela agravada perda em recitar poemas. Ela tanto desabafava e a lagarta apenas a inalar a fumaça de seu narguile. 
— Se queres crescer, minha cara, coma uma das partes deste cogumelo. Você poderá crescer ou diminuir ainda mais — e, com essas palavras finais, ela desapareceu.
Alice já sozinha tomou posse de um dos pedaços do cogumelo ao lado direito, mas ela diminuiu tanto que bateu sua cabeça em seus próprios pés. Em seguida experimenta o lado esquerdo e cresce de tal forma que atinge a copa de uma árvore onde estava a pousar um pombo que, assustado com o pescoço enorme dela, está determinado de que Alice é uma serpente que tem a intenção de comer os seus ovos. Alice tenta convencê-lo que é apenas uma menina e imediatamente come um segundo pedaço do cogumelo, retornando ao seu tamanho normal.

Alice se encontra perdida, sem o coelho para ajudá-la e os irmãos bobos haviam deixado-a solitária. Uma ave sobrevoa o local e repara em Alice; a pobre menina loira na qual a rainha citara o nome. Ela já se encontrava sob as garras da águia quando um chapéu acertou-a na cabeça e ela direcionou seu olhar para baixo, assustada, lá três pessoas acenavam para ela; O Chapeleiro Maluco com seu sorriso encantador pulando, a lebre de março a elevar as mãos à cabeça, desesperada, e o Coelho Branco mostrava-lhe as horas, apontando para o relógio. A mesa para o Chá estava preparada e Alice entre as garras da águia listrada.
 
O gramado era de um verde encantador, as flores eram brancas e três grandes cartas de baralho pintavam-na de vermelho e a suposta Rainha de Copas a acertá-los na cabeça. Alice se encontrava solta ao vento e pensou que poderia voar, mas não, caiu certamente em cima das rosas já pintadas de um vermelho sangue. 
— Cortem-na cabeça! — a voz aguda vinha da mulher com um cabeção, possuía uma coroa sob seus cabelos vermelhos e Alice não pode deixar de reparar que ela também vestia uma roupa combinando com o grandioso castelo.
Incognição; adaptação de Alice no País das Maravilhas – livro e filme.