Era diferente, estranho e
totalmente bizarro. Sabe, era quase impossível dizer como aquele coração batia depois de tanta dor e tantos erros, mas continuava. Errando bastante, pelo visto. Ela não sabia mais o que fazer e nem quais rumos seguir, podia-se dizer que estava perdida em seus próprios passos, tropeçando nas próprias palavras.
Conhecia muitos e desfazia-se da metade, apenas pelas futilidades do mundo em que cada um sabia que poderia estabelecer-se. Só que ela sempre estava ali, não ligava muito para aparências ou experiências, não guardava mágoas. Estava sempre ali para ajudar, mas nunca estavam para ajudá-la. Já havia acostumado-se.
Enfim, estava tudo tão normal. Até passar a contar os dias, os segundos e as drogas das horas mal dormidas. Deixara de acreditar em horas iguais, mas continuava a pensar nas horas irregulares se ele poderia estar pensando nela nesse momento. Mas... Que coisa mais imbecil, é óbvio que isso nunca aconteceria. Garota com o coração errado, essa. Sabe, pra ela era tudo só amizade, até começarem a se envolver nessa tal amizade, mas apesar de tudo talvez ela desejasse beijar aqueles lábios. Ai, tire isso de sua cabeça. Ela ainda o vê apenas como amigo, mas há aquele medo de perder-se na tentação, sabendo ainda que irá se ferrar no fim.
Não estava apaixonada, mas sentia algo diferente. Não era como todos os outros, na verdade, quais seriam todos esses outros no meio dele?
Ela o esnobava, mas o queria o mais perto possível. Teimava em seus diálogos de que não dariam certo juntos, por mais que o papo fosse tão elevado. Havia sempre motivos para nada dar certo. E, mais uma vez, ela não acreditou nas palavras que aquele garoto disse, afinal, era só mais um. Assim que ela aprendia a não se iludir, aprendia a viver.
Confiava demais, se ferrava demais. Parecia até um ciclo bem fodido.
Cadê minha vida?
"Em quem acreditar?" Ela sempre caia apenas nessa pergunta e já havia se cansado de tantas essas sem respostas. Não sabia mais o que fazer, por mais que tentasse.
Ela gosta de conversar com ele, mas teima muitas coisas entre esses papos, até mesmo como uma defesa de descobrir seus próprios pensamentos impulsivos. Ela tem medo de seu próprio eu, mas que ridículo. Ok, nem tanto. Há tantos prós entre tudo.
Acabava sempre caindo nos pensamentos em que, uma hora, chegaria em decisões que nunca imaginaria pensar e assim descobria-se dispersa; pensando em tudo, no que ele dizia ou deixava de dizer. Era um bichinho muito curioso, ela. Se bem que não era apenas ela.
Queria saber apenas como tudo seria. Estranho, não? Sabe quando você só pensa na pessoa como um amigo que pode, no máximo, chegar ao status de melhor amigo? Então. Mas não é bem assim, de vez enquanto me pego pensando em coisas que eu nunca imaginaria que pudesse pensar. Tudo sempre chegava ao assunto ele e pessoas teimavam em uma paixão, mas essa paixão não existia. Ou ela apenas tentava acreditar que não.
Era ela com ele e ela sem ele. Uma vida um tanto esquisita, uma menina um tanto diferente; talvez pro lado ruim, talvez para o lado bom.
Whatever. Para ela, não era normal ficar longe dele, por mais normal que fosse, em sua cabeça, ele era a única pessoa que existia no mundo. Dava vontade de rir quando ela contava essas coisas, imaginava ele em lugares impossíveis e desejava que ele estivesse ali para fazê-la rir e dizer um "vai tomar no cu". Hahaha. Que desejo mais... ela.
Não sentia-se tão bem perto de outros, qualquer coisa era motivo de pensar que ele poderia melhorar tudo. Sentimento de melhor amigo mesmo, talvez. Onde ela desejasse apenas aquele ombro para enxugar suas lágrimas.
Um dos motivos maiores era o medo que ela possui. Ai, que medo mais ridicularizado esse.
Era como se ela esquecesse de tudo e todos quando estava com ele, algo que ela nunca havia sentido antes. Apertava o coração, mas não doía. Algo normal e muito anormal.
Ela gostava de quando ele tentava brigar com ela e não conseguia, das coisas que ele falava em relação à ela (mesmo quando ela não acreditava), gostava de fazê-lo repetir o que talvez não devesse, só para ouvir mais uma vez ele falando aquilo. Sabe, ele dava crise de risos para ela, mesmo quando falava sério. Ele tem um significado invisível para ela, no qual não tem noção do que possa ser. É bom quando ele liga pra ela, no horário mais inesperado e exatamente quando ela esquece que ele possa existir, um dos vários momentos. Mas ela tem medo de se machucar,
novamente.
Nunca conseguia imaginar um "nós" entre ambos, era como algo que não se completava e ao mesmo tempo se completava demais.
Ela não acredita em nenhuma palavra que ele diz a seu respeito, mas mesmo assim gosta de ouvi-las, não sei se só por ouvir ou se é para imaginar que alguém pudesse pensar assim dela. Algo impossível. Ele muitas vezes a surpreendia, ela não sabia se acreditava ou não, preferia não acreditar, até mesmo em relação ao "ninguém nunca pensaria assim de mim, sou tão... inútil."
Era sempre isso.
Era muito medo pra pouco ela. E pensar que antes não era assim, cadê aquela menina que todos conheceram? Forte que não ligava pra nada.
É, cadê?
Talvez ela só quisesse um pouco mais de tempo. Que tempo? Tempo.
— Incognição.