sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

(Amar)go.

O sol desfazia-se ao ocidente e a noite abria espaço sob longas cortiças escuras. O som suave dos pássaros agora soava amargo se desejássemos que sofressem assim como um coração sofre ao norte. Choraria ao dizer lindas palavras de amor se ainda fosse possível assim, gritaria até minha garganta estocar com o ódio do amor. Somos iguais por fora e diferentes por dentro, algo impossível que eu sei que posso acreditar. Somos o amor proibido cruzado pela dor de um sofrer interminável.
Seu corpo jazia ao dela, unidos pela dor de um interminável amor. Seu lábio tocava o dele assim como o oceano podia tocar o fundo do oriente, nós poderíamos chorar, mas apenas ela chorava. Seus braços encontravam-se envolta do dele e suas asas estava aos pedaços, partidas pelo mundo paralelo de seus olhos azuis-cobalto. Lágrimas flutuavam ao redor dos corpos e ela não poderia morrer mais uma vez. “Eu te amo”, dizia o bilhete amassado que ardia ao fogo da pequena lareira apagada que antes possuíra as mãos suadas de Louise. 
— Eu queria ter dito que não amava-te e que não faria de nada para cuidar de você. Eu estava errada. Eu não sou Deus e não poderia dizer nada disso sem machucar-te. Eu deveria ter dito essas palavras antes que fosse tarde demais, você sabe do meu segredo e eu não poderei estar com você agora, logo agora. Não chore, diga que me odeia, pois eu sou a errada em dizer que te amava mesmo sabendo do meu erro. Você não está mais comigo. Eu realmente te amo, John. — dizia entre soluços mórbidos, escassos.
Eu odiaria me arrepender assim, a linha vermelha de seu destino fora decapitada pelo ódio mortal e sua tez era o carvão, apenas.
Todos nós somos o sofrimento, somos seres nascidos para o sofrer de quem um dia talvez nos amou, somos seres desprovidos da verdade que lutam pelo fantasioso mundo de encantamento. Somos bonecos de panos; marionetes soltas por um cabo desnorteado. 
Incognição.

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