quarta-feira, 27 de junho de 2012
"Vai, se você precisa ir. Não quero mais brigar esta noite. Nossas acusações infantis e palavras mordazes que machucam tanto não vão levar a nada, como sempre. Vai, clareia um pouco a cabeça, já que você não quer conversar. Já brigamos tanto, mas não vale a pena. Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV, sei que existe alguma coisa incomodando você. Meu amor, cuidado na estrada e, quando você voltar, tranque o portão, feche as janelas, apague a luz e saiba que te amo..."
domingo, 10 de junho de 2012
"Mudanças nem sempre são fáceis, você se acostuma com manias, vícios e todo o resto que faz parte, você aprende a lidar com uma outra forma de pensar e viver e acredita que pode segurar a onda dessa forma.
As vezes dá certo, as vezes não. E quando não dá, um amigo diz que te avisou, o outro simplesmente não diz nada e aí você tenta explicar que também sabia, mas alguma coisa te fazia persistir em um engano que pra você fazia um pouco de sentido, mas só pra você. As vezes parece o fim de tudo, as vezes foi só um caminho errado que te levou pra um lugar merecido. Um caminho onde você encontrou outras manias e outros vícios, só que dessa vez muito mais interessantes e compatíveis, doces, amáveis e respeitáveis não só pra você, mas pro seu amigo que te avisou e o que não disse nada. Talvez nem tudo tenha sido feito pra acabar com você da forma mais ordinária possível como você pensava, olha o meu caso agora."
As vezes dá certo, as vezes não. E quando não dá, um amigo diz que te avisou, o outro simplesmente não diz nada e aí você tenta explicar que também sabia, mas alguma coisa te fazia persistir em um engano que pra você fazia um pouco de sentido, mas só pra você. As vezes parece o fim de tudo, as vezes foi só um caminho errado que te levou pra um lugar merecido. Um caminho onde você encontrou outras manias e outros vícios, só que dessa vez muito mais interessantes e compatíveis, doces, amáveis e respeitáveis não só pra você, mas pro seu amigo que te avisou e o que não disse nada. Talvez nem tudo tenha sido feito pra acabar com você da forma mais ordinária possível como você pensava, olha o meu caso agora."
— Não tenho certeza sobre o(a) autor(a).
Pequena menina.
Pareciam apenas traços de mais uma pessoa qualquer na qual
faria diferença na sua vida, tornaria seus pensamentos uma ilusão e, logo,
quando estava perfeito, tudo poderia desmoronar fazendo com que a menina dos
cabelos cheios de química pudesse sentir novamente toda aquela dor na qual já
havia se acostumado a sentir – tudo acabando, uma amizade criada apenas em seu
consciente. Porém, não havia sido assim. Não sei como poderia descrever tal
feito, mas dizia-se que era um milagre caracterizado por muitas hipérboles.
Aos poucos foram criando-se laços e percebendo as características que existiam
entre ambas. Era estranho o quão parecidas eram, retirando as tantas
diferenças.
Criaram planos demais, tiveram conversas onde descobriram o que passava-se na cabeça de tantas elas, decidiram que mudariam aquele mundo com tão pouco e desvendariam as várias perguntas sem respostas – soltas ao vento, que soprava sem rumos concretos. Divertiam-se sem se preocupar, até decidirem que iriam desistir de tudo aquilo que não possuía motivos para ser feito, ao que pouco lhes restava e às afogava nas próprias mágoas. Tornaram aquelas vidas como uma só. Uma irmandade meio desligada, mas um tanto forte e em tão pouco tempo. O eterno durando segundos.
Decidiram que não mais sofreriam por tão pouco, disseram que ririam até nas piores horas, descobriram que o mundo não era aquela fantasia na qual tanto desejavam e fizeram muitas coisas juntas. Riram dos amores descompromissados. Quebraram promessas, mas continuaram cada vez mais unidas, por mais que agora pareçam um pouco desconectadas entre elas mesmas.
Aprendera com aquela amizade, parecia querer repetir cada erro como se fosse um só, completar desejos impossíveis e por quase nada, queria magoar-se novamente, só para ver aquela menininha de cabelos curtos crescendo e acordando ainda mais com suas perguntas sem respostas. Acordando para o que deveria ser ensinado em todos os pequenos lugares. Ela esperava os momentos que a pequena iria reclamar sobre algo ou pergunta-lhe sobre coisas aleatórias no qual nem ela saberia a resposta. Realmente sentia-se uma irmã mais velha, mesmo que só um pouco mais de tempo. Essa nem era ligada ao seu sangue – um sentimento ainda mais forte e mais protegido.
Queria isolar aquela pequena de todos os problemas, mesmo que esses viessem todos para ela mesma; queria ver aquele sorriso encantador todos os dias; queria aquele abraço sufocante que só aquela menininha sabia dar; queria que tudo sumisse e houvesse recompensas; queria que ela parasse de se destruir por quase nada.
Pequena, com tantas qualidade, aquelas bochechas compostas de dois mínimos e mimados cemitérios. Um coração sem fim – destruindo-se aos poucos e sem dó. Sem motivo; sem cor. Aquilo doía, mas ela tentava esconder sua dor, ficava longe enquanto observava, não queria dar opiniões sobre o que não lhe deveria importar, apenas respostas ao que perguntaria e teria, talvez, mais valor. Porém, tudo aquilo machucava a própria menina um tanto rebelde que cantarolava diariamente qualquer música direta dos Beatles.
Sabe, aquela parecia ser uma de suas missões. Ela desejava ajudar aquela pessoa, mesmo que negasse sua ajuda e fosse involuntariamente. Parecia criar um vinculo invisível e um tanto significativo. Queria doar-se para ajuda-la, sabia que aquela pessoa só estava vestindo uma máscara com medo de ser frágil demais. Cheia de sorrisos falsos, fingindo estar bem enquanto corroía-se por dentro. Ela já vira muito dessas histórias, mas nunca quis tanto participar desta, como agora.
A menina mudou aos poucos e a outra realmente tinha orgulho dela, por mais que a mesma parecesse um pouco hipócrita na maior parte do tempo. Sua vida mudava pra melhor e disso todos tinham certeza, por mais problemas que ainda tivesse. Seu humor tornou-se mais constante, sendo possuído pela felicidade verdadeira, não precisava mais enganar aos outros e decidira ser mais sincera consigo mesma. Isso era um grande passo.
Aquela amizade crescia, mesmo que sem ver. Ela sentia-se um pouco enciumada e trocada, mas sabia que a menina estava bem e era isso que importava. Sorria em troca de um sorriso dela; mudava seu humor por conta dela e de seus insistentes pedidos.
Sabe, às vezes acho que ela nunca mais achará uma amizade assim como a que tem com essa menininha. Não sei, é apenas esquisito imaginar alguém preenchendo o lugar que seria dela, talvez aquele espaço só seja completo por ela mesma e, mesmo que tudo desapareça, aquele lugar estaria designado à mesma e disso todos tinham certeza absoluta. Apagava-se tudo, menos o brilho aos olhos um pouco cegos.
Ela tinha certeza que a amava e aquilo estava entre as amizades mais importantes do mundo, talvez ambas devessem receber um prêmio Nobel ou uma página no Guinness que as destacassem como amigas inseparáveis. Mas, nossa, que clichê de merda.
Criaram planos demais, tiveram conversas onde descobriram o que passava-se na cabeça de tantas elas, decidiram que mudariam aquele mundo com tão pouco e desvendariam as várias perguntas sem respostas – soltas ao vento, que soprava sem rumos concretos. Divertiam-se sem se preocupar, até decidirem que iriam desistir de tudo aquilo que não possuía motivos para ser feito, ao que pouco lhes restava e às afogava nas próprias mágoas. Tornaram aquelas vidas como uma só. Uma irmandade meio desligada, mas um tanto forte e em tão pouco tempo. O eterno durando segundos.
Decidiram que não mais sofreriam por tão pouco, disseram que ririam até nas piores horas, descobriram que o mundo não era aquela fantasia na qual tanto desejavam e fizeram muitas coisas juntas. Riram dos amores descompromissados. Quebraram promessas, mas continuaram cada vez mais unidas, por mais que agora pareçam um pouco desconectadas entre elas mesmas.
Aprendera com aquela amizade, parecia querer repetir cada erro como se fosse um só, completar desejos impossíveis e por quase nada, queria magoar-se novamente, só para ver aquela menininha de cabelos curtos crescendo e acordando ainda mais com suas perguntas sem respostas. Acordando para o que deveria ser ensinado em todos os pequenos lugares. Ela esperava os momentos que a pequena iria reclamar sobre algo ou pergunta-lhe sobre coisas aleatórias no qual nem ela saberia a resposta. Realmente sentia-se uma irmã mais velha, mesmo que só um pouco mais de tempo. Essa nem era ligada ao seu sangue – um sentimento ainda mais forte e mais protegido.
Queria isolar aquela pequena de todos os problemas, mesmo que esses viessem todos para ela mesma; queria ver aquele sorriso encantador todos os dias; queria aquele abraço sufocante que só aquela menininha sabia dar; queria que tudo sumisse e houvesse recompensas; queria que ela parasse de se destruir por quase nada.
Pequena, com tantas qualidade, aquelas bochechas compostas de dois mínimos e mimados cemitérios. Um coração sem fim – destruindo-se aos poucos e sem dó. Sem motivo; sem cor. Aquilo doía, mas ela tentava esconder sua dor, ficava longe enquanto observava, não queria dar opiniões sobre o que não lhe deveria importar, apenas respostas ao que perguntaria e teria, talvez, mais valor. Porém, tudo aquilo machucava a própria menina um tanto rebelde que cantarolava diariamente qualquer música direta dos Beatles.
Sabe, aquela parecia ser uma de suas missões. Ela desejava ajudar aquela pessoa, mesmo que negasse sua ajuda e fosse involuntariamente. Parecia criar um vinculo invisível e um tanto significativo. Queria doar-se para ajuda-la, sabia que aquela pessoa só estava vestindo uma máscara com medo de ser frágil demais. Cheia de sorrisos falsos, fingindo estar bem enquanto corroía-se por dentro. Ela já vira muito dessas histórias, mas nunca quis tanto participar desta, como agora.
A menina mudou aos poucos e a outra realmente tinha orgulho dela, por mais que a mesma parecesse um pouco hipócrita na maior parte do tempo. Sua vida mudava pra melhor e disso todos tinham certeza, por mais problemas que ainda tivesse. Seu humor tornou-se mais constante, sendo possuído pela felicidade verdadeira, não precisava mais enganar aos outros e decidira ser mais sincera consigo mesma. Isso era um grande passo.
Aquela amizade crescia, mesmo que sem ver. Ela sentia-se um pouco enciumada e trocada, mas sabia que a menina estava bem e era isso que importava. Sorria em troca de um sorriso dela; mudava seu humor por conta dela e de seus insistentes pedidos.
Sabe, às vezes acho que ela nunca mais achará uma amizade assim como a que tem com essa menininha. Não sei, é apenas esquisito imaginar alguém preenchendo o lugar que seria dela, talvez aquele espaço só seja completo por ela mesma e, mesmo que tudo desapareça, aquele lugar estaria designado à mesma e disso todos tinham certeza absoluta. Apagava-se tudo, menos o brilho aos olhos um pouco cegos.
Ela tinha certeza que a amava e aquilo estava entre as amizades mais importantes do mundo, talvez ambas devessem receber um prêmio Nobel ou uma página no Guinness que as destacassem como amigas inseparáveis. Mas, nossa, que clichê de merda.
— Incognição, o texto foi dedicado à alguém.
Mas gosto, gosto das pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar ao seu lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas. Às vezes também me dá uma bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez. Depois penso que não tenho o direito de julgar ninguém, que cada um pode — e deve — ser o que é, ninguém tem nada com isso. Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o fato de serem como são e ninguém poder fazer nada. Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias, mas não fazem porque não se veem, não sabem como são. Ou, se sabem, fecham os olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem.
— Caio Fernando Abreu.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Mania de jogar o cabelo pro lado. Mania de sorrir quando sente alguém olhando demais. Mania de coçar os olhos e olhar o visor do celular como se houvesse chegado alguma coisa e não viu. Mania de estudar escutando música e revirar os olhos sempre que escuta, ouve ou vê alguma bobagem. De sorrisos, de olhares, de vozes e cheiros. Mania de achar que nem tudo é aquilo que se vê. De imaginar situações com quem nunca viu e se arrepiar, sorrir, se desesperar por isso. Mania de fechar os olhos antes de dormir e te desejar boa noite em pensamento, dorme bem, sonha comigo, te quero muito e bem.
— Caio Fernando Abreu.
domingo, 27 de maio de 2012
Apenas um passado.
Queria que o passado ainda estivesse preso em meu futuro; queria
poder segurar a farda que eu carreguei desde o início, mas eu não queria
usá-la; queria poder dizer que tudo fora apenas um sonho acordado; queria dizer
que os gritos e choros foram apenas um engano sonoro; queria que a terra caindo
fosse apenas uma miragem. Queria poder dizer adeus àquele momento e continuar. Normalmente. Sorrindo
e imaginando como seria o dia seguinte, sem ter o medo preso em meu coração.
Queria flutuar, assim como as borboletas, antigamente, ainda faziam ao meu
redor.
O sorriso estampado nas faces absortas e as lágrimas só servindo de fuga para a tristeza, apenas demonstrando a felicidade exposta sobre os corações arrebatadores.
Nesse momento, talvez o monótono fosse necessário. O que acha de retornarmos ao passado e trazer o clichê de volta? Será que tudo voltaria ao normal? Eu espero.
Brancos, negros, pobres, ricos, diferentes, iguais e felizes - todos iguais. Honestidade sem máscaras e tudo trago ao redor; tudo muito dividido.
Agora eu gostaria apenas de ver os olhos daquela criança brilhando, seus pensamentos imaginários trazendo os "porquês" e seus dentes-de-leite ainda à amostra. Aquelas lágrimas não podiam permanecer em sua face de boneco, poderíamos rir juntos.
Não quero seguir o diferente, apenas necessito do passado de volta. Preciso resgatar a felicidade e dispensar as horas extras feitas pela morte e pela tristeza. Seguir em frente e não olhar os estragos. Denunciar o errado e seguir o certo. Poder ajudar quem não pode fugir, todos somos vítimas, mas por dentro apenas alguns podem sentir a dor que posso possuir, junto com outras pessoas. Será mesmo que aquele ser invisível mostra seu sorriso e está bem? Quero apenas tudo de volta, eliminar a desgraça e costurar meu coração de volta ao local de onde ele partiu-se. Parece que ele não quer retornar.
O sorriso estampado nas faces absortas e as lágrimas só servindo de fuga para a tristeza, apenas demonstrando a felicidade exposta sobre os corações arrebatadores.
Nesse momento, talvez o monótono fosse necessário. O que acha de retornarmos ao passado e trazer o clichê de volta? Será que tudo voltaria ao normal? Eu espero.
Brancos, negros, pobres, ricos, diferentes, iguais e felizes - todos iguais. Honestidade sem máscaras e tudo trago ao redor; tudo muito dividido.
Agora eu gostaria apenas de ver os olhos daquela criança brilhando, seus pensamentos imaginários trazendo os "porquês" e seus dentes-de-leite ainda à amostra. Aquelas lágrimas não podiam permanecer em sua face de boneco, poderíamos rir juntos.
Não quero seguir o diferente, apenas necessito do passado de volta. Preciso resgatar a felicidade e dispensar as horas extras feitas pela morte e pela tristeza. Seguir em frente e não olhar os estragos. Denunciar o errado e seguir o certo. Poder ajudar quem não pode fugir, todos somos vítimas, mas por dentro apenas alguns podem sentir a dor que posso possuir, junto com outras pessoas. Será mesmo que aquele ser invisível mostra seu sorriso e está bem? Quero apenas tudo de volta, eliminar a desgraça e costurar meu coração de volta ao local de onde ele partiu-se. Parece que ele não quer retornar.
— Incognição.
Medo de si próprio.
As batidas de seu coração não se encontravam em
sintonia com seus passos, era algo tão relativo e irrisório. O arfar percorria
o seu corpo e lhe puxava para dentro de uma cúpula deserta – vazia. Era como um
fim certo e duvidoso; errado. Equilibrado.
As gotículas de suor fraquejavam sobre o curto cabelo de escovinha, revirado de vários ângulos. Iluminado por pequenos fios roliços e negros, era como o fim de sua alma estar ali.
Sua visão enquadrada à luzes sem fim, juntamente com as cores dançantes por sobre suas pálpebras.
O terror lhe invadia a tez frágil, tornando-o lânguido por alma. Vago. Fazendo dos sons seu pior inimigo, aquele latido transformava-se em um uivo pequeno, alto e perto. Em segundos, como se aquilo estivesse alcançando-o, quisesse matá-lo e repicar sua face. Ele sentia medo, pânico... Dor.
Seus pés adormeciam lentamente, teimando em parar para apossasse do corpo miúdo do menino e debatesse no chão, enquanto o peso lhe fraquejava as pernas ossudas.
Os óculos embaçados eram acertados à cada um segundo, eu podia contar. Ele corria em círculos em seu pequeno quarto e diversas vezes ele debatia-se à parede, como um obstáculo no qual ele pudesse ultrapassar. Como se ele fosse um cego que só pudesse ver o negrume da noite. Parecia um doente sem imagem, mas era apenas um zumbi adormecido; um eterno sonhador em pleno caos de pesadelo.
E eu, apenas um escritor revirando páginas de um livro esquecido – deitado nas sombras e com medo do sol. Com medo da alma; com medo de um certo uivo ao entardecer. Um menino cegueira, preso em seus pensamentos absortos.
Posso esquivar-me ao sol para ver além dele? Seguindo a rota das estrelas e o posicionar da lua, ao lado oeste.
As gotículas de suor fraquejavam sobre o curto cabelo de escovinha, revirado de vários ângulos. Iluminado por pequenos fios roliços e negros, era como o fim de sua alma estar ali.
Sua visão enquadrada à luzes sem fim, juntamente com as cores dançantes por sobre suas pálpebras.
O terror lhe invadia a tez frágil, tornando-o lânguido por alma. Vago. Fazendo dos sons seu pior inimigo, aquele latido transformava-se em um uivo pequeno, alto e perto. Em segundos, como se aquilo estivesse alcançando-o, quisesse matá-lo e repicar sua face. Ele sentia medo, pânico... Dor.
Seus pés adormeciam lentamente, teimando em parar para apossasse do corpo miúdo do menino e debatesse no chão, enquanto o peso lhe fraquejava as pernas ossudas.
Os óculos embaçados eram acertados à cada um segundo, eu podia contar. Ele corria em círculos em seu pequeno quarto e diversas vezes ele debatia-se à parede, como um obstáculo no qual ele pudesse ultrapassar. Como se ele fosse um cego que só pudesse ver o negrume da noite. Parecia um doente sem imagem, mas era apenas um zumbi adormecido; um eterno sonhador em pleno caos de pesadelo.
E eu, apenas um escritor revirando páginas de um livro esquecido – deitado nas sombras e com medo do sol. Com medo da alma; com medo de um certo uivo ao entardecer. Um menino cegueira, preso em seus pensamentos absortos.
Posso esquivar-me ao sol para ver além dele? Seguindo a rota das estrelas e o posicionar da lua, ao lado oeste.
— Incognição.
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