domingo, 10 de junho de 2012

Pequena menina.

Pareciam apenas traços de mais uma pessoa qualquer na qual faria diferença na sua vida, tornaria seus pensamentos uma ilusão e, logo, quando estava perfeito, tudo poderia desmoronar fazendo com que a menina dos cabelos cheios de química pudesse sentir novamente toda aquela dor na qual já havia se acostumado a sentir – tudo acabando, uma amizade criada apenas em seu consciente. Porém, não havia sido assim. Não sei como poderia descrever tal feito, mas dizia-se que era um milagre caracterizado por muitas hipérboles.
Aos poucos foram criando-se laços e percebendo as características que existiam entre ambas. Era estranho o quão parecidas eram, retirando as tantas diferenças.
Criaram planos demais, tiveram conversas onde descobriram o que passava-se na cabeça de tantas elas, decidiram que mudariam aquele mundo com tão pouco e desvendariam as várias perguntas sem respostas – soltas ao vento, que soprava sem rumos concretos. Divertiam-se sem se preocupar, até decidirem que iriam desistir de tudo aquilo que não possuía motivos para ser feito, ao que pouco lhes restava e às afogava nas próprias mágoas. Tornaram aquelas vidas como uma só. Uma irmandade meio desligada, mas um tanto forte e em tão pouco tempo. O eterno durando segundos.
Decidiram que não mais sofreriam por tão pouco, disseram que ririam até nas piores horas, descobriram que o mundo não era aquela fantasia na qual tanto desejavam e fizeram muitas coisas juntas. Riram dos amores descompromissados. Quebraram promessas, mas continuaram cada vez mais unidas, por mais que agora pareçam um pouco desconectadas entre elas mesmas.
Aprendera com aquela amizade, parecia querer repetir cada erro como se fosse um só, completar desejos impossíveis e por quase nada, queria magoar-se novamente, só para ver aquela menininha de cabelos curtos crescendo e acordando ainda mais com suas perguntas sem respostas. Acordando para o que deveria ser ensinado em todos os pequenos lugares. Ela esperava os momentos que a pequena iria reclamar sobre algo ou pergunta-lhe sobre coisas aleatórias no qual nem ela saberia a resposta. Realmente sentia-se uma irmã mais velha, mesmo que só um pouco mais de tempo. Essa nem era ligada ao seu sangue – um sentimento ainda mais forte e mais protegido.
Queria isolar aquela pequena de todos os problemas, mesmo que esses viessem todos para ela mesma; queria ver aquele sorriso encantador todos os dias; queria aquele abraço sufocante que só aquela menininha sabia dar; queria que tudo sumisse e houvesse recompensas; queria que ela parasse de se destruir por quase nada.
Pequena, com tantas qualidade, aquelas bochechas compostas de dois mínimos e mimados cemitérios. Um coração sem fim – destruindo-se aos poucos e sem dó. Sem motivo; sem cor. Aquilo doía, mas ela tentava esconder sua dor, ficava longe enquanto observava, não queria dar opiniões sobre o que não lhe deveria importar, apenas respostas ao que perguntaria e teria, talvez, mais valor. Porém, tudo aquilo machucava a própria menina um tanto rebelde que cantarolava diariamente qualquer música direta dos Beatles.
Sabe, aquela parecia ser uma de suas missões. Ela desejava ajudar aquela pessoa, mesmo que negasse sua ajuda e fosse involuntariamente. Parecia criar um vinculo invisível e um tanto significativo. Queria doar-se para ajuda-la, sabia que aquela pessoa só estava vestindo uma máscara com medo de ser frágil demais. Cheia de sorrisos falsos, fingindo estar bem enquanto corroía-se por dentro. Ela já vira muito dessas histórias, mas nunca quis tanto participar desta, como agora.
A menina mudou aos poucos e a outra realmente tinha orgulho dela, por mais que a mesma parecesse um pouco hipócrita na maior parte do tempo. Sua vida mudava pra melhor e disso todos tinham certeza, por mais problemas que ainda tivesse. Seu humor tornou-se mais constante, sendo possuído pela felicidade verdadeira, não precisava mais enganar aos outros e decidira ser mais sincera consigo mesma. Isso era um grande passo.
Aquela amizade crescia, mesmo que sem ver. Ela sentia-se um pouco enciumada e trocada, mas sabia que a menina estava bem e era isso que importava. Sorria em troca de um sorriso dela; mudava seu humor por conta dela e de seus insistentes pedidos.
Sabe, às vezes acho que ela nunca mais achará uma amizade assim como a que tem com essa menininha. Não sei, é apenas esquisito imaginar alguém preenchendo o lugar que seria dela, talvez aquele espaço só seja completo por ela mesma e, mesmo que tudo desapareça, aquele lugar estaria designado à mesma e disso todos tinham certeza absoluta. Apagava-se tudo, menos o brilho aos olhos um pouco cegos.
Ela tinha certeza que a amava e aquilo estava entre as amizades mais importantes do mundo, talvez ambas devessem receber um prêmio Nobel ou uma página no Guinness que as destacassem como amigas inseparáveis. Mas, nossa, que clichê de merda.
Incognição, o texto foi dedicado à alguém.

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